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  • Entretanto quando as elei es

    2019-05-24

    Entretanto, quando as eleições presidenciais se aproximaram em 1990 o país vivia um momento bastante diferente, marcado não somente pelos agudos problemas econômicos já descritos, mas bupropion hydrochloride também pelo incremento da ação militar urbana de Sendero Luminoso, uma vez que bupropion hydrochloride partir de 1989 sua liderança acredita estar em condições de conquistar o “equilíbrio estratégico” de que falava Mao. É neste contexto que se desenrola o “I Congreso Nacional de Izquierda Unida”, que também será seu último pois curiosamente, em seu primeiro congresso a unidade se desfaz. Segundo numerosos testemunhos, o motor fundamental da cisão foi a leitura feita por Barrantes e seu grupo, segundo a qual seria necessário se desenvencilhar dos setores mais combativos de IU para atrair o eleitor moderado e vencer as eleições. Também se ponderava que o exército dificilmente toleraria um governo mais radical, em um momento em que havia grande inquietação em relação à insurgência senderista. Conforme adiantamos, o resultado eleitoral da cisão foi que Barrantes teve ainda menos votos (5%) do que a candidatura de Henry Pease pela iu (8%), e ambos somaram 13%. Mas para a compreensão dos motivos e do alcance desta derrota para a esquerda peruana, mais além “de los micropartidos con lógicas corporativas que se camuflaban tras un discurso ideologicamente radical”, é necessário examinar o fenômeno do Sendero Luminoso.
    SENDERO LUMINOSO Ao contrário do que sugere o ideólogo mexicano Carlos Castañeda em “Utopia Desarmada”, Sendero Luminoso não tem afinidades com o que é descrito como uma “segunda onda” guerrilheira no continente, incluindo os movimentos centro‐americanos e o M‐19 colombiano. Entender a singularidade desta insurgência é uma tarefa complexa, a qual se dedicaram notáveis intelectuais, principalmente peruanos. Fazendo uma analogia com Benedict Anderson, quando sugere que a natureza do nacionalismo está mais próxima de estruturas de parentesco ou religiosas do que de fenômenos ideológicos como o liberalismo ou o socialismo, entendo que a compreensão da insurgência senderista remete a desajustes sociais em um país em trânsito entre a referência nacional‐desenvolvimentista e o neoliberalismo, que na América Latina também potenciou fenômenos como o neopentecostalismo e o narcotráfico. Evidentemente, é preciso embeber este marco geral nas particularidades da formação peruana articulando, entre outras dimensões: a Quaternary Period questão regional e o padrão de desenvolvimento desigual e combinado do país; o legado ambivalente do velasquismo; a subsistência de padrões culturais autoritários que informam as relações entre os misti (os não‐índios) e os indígenas e camponeses; preconceitos arraigados sobre a cultura andina e o racismo. Também é preciso um exame crítico de elementos políticos e ideológicos que caracterizaram certa tradição marxista, pervertida como uma modalidade de razão instrumental megalomaníaca, apoiada em práticas antidemocráticas e fanáticas, que resultaram em uma práxis notavelmente violenta e antipopular. Diante da impossibilidade de dar conta deste “objeto de estudio opaco y elusivo”, delinearei alguns aspectos fundamentais para compreender a natureza e o impacto do fenômeno, porque é uma condição necessária para entender o Peru atual. Sendero Luminoso nasceu a partir de uma cisão de orientação maoísta no seio do pcp nos anos 1960, que prosperou na região serrana de Ayacucho, uma das mais pobres do país e de marcante presença indígena. Seu principal polo foi a Universidade de San Cristóbal de Huamanga, cuja refundação em 1959 na cidade de Ayacucho teve, segundo Degregori, o efeito de um terremoto social, multiplicando por dez o número de universitários em poucos anos na região mais atrasada do país. O impulso inicial da organização universitária na cidade decorreu da intenção do governo Belaúnde (1963‐1968) de cortar as verbas da instituição, considerada como um apoio às guerrilhas que germinaram no país em 1965. No entanto, a trajetória dos senderistas liderados pelo professor de filosofia Abimael Guzmán ao longo dos anos 1970 revela seguidas derrotas políticas, seja no âmbito da política universitária como na camponesa, mas que tiveram como efeito solidificar a unidade de um grupo que fazia intenso proselitismo entre o alunado secundarista e universitário na região, além dos professores e funcionários.